segunda-feira, 28 de abril de 2008

Maturidade

Quando preparei a palestra para o jogo de sábado anterior apenas tinha três pontos para relembrar aos meus meninos: qual o sistema táctico a utilizar, o método de jogo defensivo a praticar nas bolas paradas do adversário e pedir-lhes para jogarem como tinham treinado a semana toda.
Antes de entrar no balneário para a palestra, estava no campo e oiço o delegado da equipa contrária a dizer a um dos pais dos meus miúdos:”Estás preparado para levar uma goleada?”
Foi para a palestra e não alterei os pontos que tinha programado, mas acrescentei um, repliquei exactamente o que ouvi e disse-lhes quem o tinha dito.
Porque é que acrescentei este ponto?
Para mim era a oportunidade ideal para “picar” os meus miúdos e perceber como eles iriam reagir ao estímulo que lhes dei.
A resposta foi fantástica. Simplesmente o melhor jogo da época!
Entramos a perder 0-2 mas a jogar bem, o normal numa equipa imatura é desmotivar e deixar de jogar ( neste momento, até o “picar” dos meus jogadores poderia ser mal interpretado por eles = agressividade excessiva ).
Quem pensou assim enganou-se redondamente!
Maturidade terrível, os miúdos continuaram a mandar no jogo e a marcar o ritmo.
Fugiram a tentação de bater a bola na frente e foram fiéis ao nosso modelo de jogo que conseguimos chegar ao intervalo, empatados a 2.
No intervalo, corrigi algumas situações tácticas e pedi preferência de ataque sobre o flanco mais fraco da equipa adversária.
Foi por aquele flanco que iniciamos a jogada do 3º golo.
O adversário ainda empatou numa desatenção defensiva nossa mas a atitude dos miúdos não se alterou.
Parecia que estavam insensíveis as emoções do balançar da rede, sempre na perseguição do jogar bem.
Conseguimos fazer mais dois golos e ainda sofremos um, resultado final, vencemos, 5-4!

Mais que o resultado para mim a grande vitória é o nível de maturidade apresentado.

Profissionalização na Formação

Após ler a entrevista que o presidente do Odivelas, Humberto Fraga, fortaleci a minha opinião.

http://www.jornaldesportojovem.com/jornal_online/edicao_004.swf

Se o projecto indicado foi concretizado para mim será mais uma boa notícia! Porquê?
A aposta na formação é vital, para a vitalidade do nosso futebol!
Poderia dar vários motivos:
- Os clubes portugueses não têm poder de compra.
- O nº de jogadores portugueses na Superliga é cada vez menor.
-O nº de jogadores portugueses a imigrarem em idade de formação é cada vez maior.
Entre Outros
Estes motivos são referentes ao topo da pirâmide, mas para termos um topo com cada vez mais qualidade temos de ter uma base com grande qualidade.
Todos sabemos que da base apenas alguns chegam ao topo, mas os outros ficam em patamares intermédios que também são necessários enriquecer, para enriquecer o topo.
Se queremos ter grandes jogadores portugueses temos de apostar na formação de quem os ensina.
Ora, quem os ensina tem de ter tempo para se enriquecer, ser cada vez melhor, aprender cada vez mais.
Todos os dias conheço histórias de bons treinadores que deixam de o ser porque o futebol não os “sustenta”.
Urge caminharmos para a profissionalização dos quadros técnicos na formação.

quinta-feira, 24 de abril de 2008

Boa Notícia

Carlos Queiroz vai apresentar em breve uma academia de futebol que vai lançar em Portugal e que pretende tornar numa referência na formação de jovens jogadores. O projecto já está em fase avançada de projecção e deve mesmo dar-se a conhecer à comunicação social entre o final desta semana e o início da próxima.

A Academia de Futebol Carlos Queiroz vai funcionar em Oeiras, num espaço que já foi encontrado e assegurado pelos responsáveis. Vai numa fase inicial trabalhar com jovens, a nível das escolinhas, infantis e iniciados, e deve começar a funcionar mais ou menos em Setembro, por alturas do início do próximo ano escolar.

O projecto vai ser lançado associado ao nome do Manchester United, com o qual Carlos Queiroz mantém ligação e que tem olhado para Portugal como um filão de jovens talentos. O treinador português será naturalmente o mentor do projecto que se pretende inovador e para isso contará com a colaboração de José Alberto Costa.

O antigo extremo estará na direcção da Academia e assumir-se-á como responsável pela mesma na ausência de Queiroz. A presença de José Alberto Costa é de resto um sinal da aposta forte de Carlos Queiroz na Academia. Para além de ser um homem da confiança do líder, Costa tem um passado de trabalho com os jovens em Portugal e nos Estados Unidos.

Para além de José Alberto Costa, a Academia contará com mais três treinadores que vão trabalhar com os jovens e que foram recrutados na zona de Oeiras. Numa primeira fase a Academia dará apenas formação desportiva, mas existe a intenção de no futuro se avançar para um âmbito mais alargado que forneça também formação académica.

Nesta altura, apurou o Maisfutebol, faltam apenas concretizar algumas parcerias para que o projecto possa apresentar-se ao público em geral e sem as quais os responsáveis não querem dar mais informações. Brevemente o projecto será apresentado e promete ser uma escola de formação como ainda não existe em Portugal.

Fonte: Maisfutebol

segunda-feira, 21 de abril de 2008

Temporal

A bola mal rolava, os miúdos estavam encharcados até granizo caiu no campo.

Os meus miúdos lá entraram no campo depois de um aquecimento ligeiro no qual o objectivo era não permanecer muito tempo em campo com aquelas condições climatéricas.

Alguns exercícios de técnica individual, posse de bola e concluímos com velocidade (3/4 sprints).

Sem a bola rolar era para nós muito difícil jogar como treinamos.

Era muito difícil mas fazia sentido tentarmos fazer as coisas de outra maneira?

Não sou daqueles que acredita nas fórmulas mágicas!

Muitas vezes dizem-me tenta fazer isto porque aquele miúdo faz bem e mete o outro naquela posição. A minha resposta é sempre a mesma: “Já treinamos isso? Então não vamos fazer”.

O jogo é um ficha de avaliação para o trabalho da semana mais importante que a vitória a qualquer custo é a evolução dos miúdos.

Voltando ao jogo de sábado como sou crente no meu trabalho, pedi aos miúdos para jogarmos como treinamos.

E não é que mesmo com as dificuldades inerentes ao terreno, sempre que possível a bola circulou, fizemos 2 golos de belo efeito de remates fora da área e criamos imensas situações de golo mas sofremos 2 golos através de contra-ataque.

O resultado final é enganador, 2-2, da qualidade do futebol apresentado pelas duas equipas.

terça-feira, 15 de abril de 2008

Esquemas tácticos

À conversa com um colega treinador sobre o treino e as situações que são dispensáveis do mesmo na formação, percebemos que divergíamos num ponto: os esquemas tácticos, aliás, especificamente, os cantos.
O meu colega não treina cantos porque considera que o principal factor para o sucesso nessa situação do jogo é o executante ser competente.
Pergunto, como é que pode um executante ser competente ( fazer um bom cruzamento ) sem treino?
Será a execução de um canto um skill inato?
Concordo que não deve ser uma prioridade no treino na formação os esquemas tácticos, mas não é uma situação de jogo que deva ser descurada!
Como será que o Beckham executa tão bem bolas paradas?
A interpretação do cruzamento pelos defensores e atacantes também é um factor fundamental.
Através do canto, podemos ensinar aos miúdos que existem três zonas de finalização: 1ºposte, 2ºposte e marca de penalty.
Conceito fundamental para quem ataca, para quem defende e para quem executa o cruzamento.
Assisti num passado fim-de-semana a um jogo do escalão Escolas A no qual umas das equipas tinha várias jogadas trabalhadas na situação de canto, o treinador da equipa não precisava de falar, o jogador que executa o canto escolhia a jogada que a equipa deveria efectuar e todos os companheiros movimentavam-se de acordo com o treinado após o sinal corporal do colega.
Para concretizar esta jogada é necessária a tomada de decisão pelo miúdo, a concentração de toda a equipa e a correcta execução técnica.
Terá sido este trabalho uma perda de tempo?

segunda-feira, 14 de abril de 2008

O Fora-de-jogo – Infantis7

Pela segunda semana consecutiva, sofremos dois golos contudo desta vez, ganhamos 3-2.

O resultado até é o menos importante, a questão é que os dois golos sofridos, foram os 2 com os adversários em fora de jogo.

Os leitores podem pensar que essa foi a sensação com que fiquei na altura mas todos os jogos da minha equipa são filmados, daí não existirem dúvidas!

Dos 4 golos sofridos, nesta 3ºfase, 3 foram em fora de jogo, o que me leva a pensar que os meus miúdos perceberam o fora de jogo e que estão a posicionar-se bem de modo a deixar os adversários fora de jogo; mas a verdade é que a minha equipa está a ser penalizada pelo correcto posicionamento em campo.

Obviamente é muito difícil para o árbitro avaliar esta situação, é apenas um árbitro e não consegue ver tudo.

Dos 3 lances de fora de jogo que deram golos, 2 deles são claros, o adversário estava adiantado cerca de 1 metro, o 3º realmente é complicado de avaliar e na altura também me pareceu fora de jogo.

Não faz sentido alterarmos a maneira de trabalhar porque os miúdos estão bem e recomendam-se, passarem a existir 2 árbitros nos jogos, não é possível devido à escassez de recursos, haverá solução para uma melhor análise dos árbitros?

sexta-feira, 11 de abril de 2008

Quem não arrisca não petisca!

Esta é a história de Fábio Moura e Tiago Freitas. Dois jovens treinadores, ambos com 21 anos, que trabalham no futebol feminino do Boavista. O primeiro é preparador-físico, o segundo é treinador de guarda-redes. Um acaso feliz levou-os a Liverpool, durante dois dias que não vão esquecer. Até porque regressaram de lá com trabalho.

A palavra, então, aos protagonistas. «Inscrevemo-nos num grupo de colaboradores do Liverpool e fomos chamados para um estágio», conta Fábio Moura ao Maisfutebol. «Fomos os únicos portugueses convidados. De Espanha eram quinze colegas». Viajaram para Anfield Road, perceberam a mística do clube e ficaram a fazer parte dos quadros do clube.

Agora são olheiros em Portugal do clube. «O responsável espanhol já nos tinha avisado que isso podia acontecer. O Liverpool não tinha ninguém especificamente em Portugal e andavam à procura de quem pudesse fazer um trabalho de prospecção», acrescenta Tiago Freitas. Agora vão começar a fazer relatórios de jovens que o clube acompanhe.

Ingleses já começaram a pedir relatórios

Em breve é possível, aliás, vê-los nas bancadas das escolas de formação a tirar notas. O Liverpool já pediu relatórios de meia-dúzia de jovens que estão a aprender a ser jogadores de futebol nos campos nacionais. Um dos quais é até juvenil. «Eles querem que trabalhemos sobretudo com os mais jovens, porque é aí que querem investir».

O trabalho promete ser exaustivo. Cada jogador que o Liverpool tem referenciado e que pretende saber se vale a pena exige um relatório em separada de cada observador. Para além disso convém apontar jovens promessas para o clube referenciar. «É um trabalho ligeiramente diferente do que inicialmente queríamos desenvolver», diz Tiago Freitas.

«Mas é uma boa porta para nos abrir novos horizontes. No Liverpool é complicado, mas espero que possamos abrir horizontes noutros clubes», acrescenta o jovem, que para além da equipa feminina do Boavista ainda orienta as escolinhas do Fiães. «O que nós queremos é seguir a carreira de treinadores e encontrar um bom clube para trabalhar».

O estágio em Liverpool e... José Mourinho

Fábio Moura e Tiago Freitas conheceram-se aliás na faculdade. No ISMAI, onde fazem o curso de Educação Física. A partir daí perceberam que tinham concepções tácticas semelhantes, que entendiam o futebol da mesma forma, o que foi meio caminho para a amizade. Depois aventuraram-se no futebol feminino do Boavista e agora no Liverpool.

«O estágio foi uma óptima experiência. Conseguimos observar de perto o que é um dos grandes clubes do Mundo e a forma como trabalha», diz Tiago Freitas. «Foram apenas dois dias, mas deu para interagir com os treinadores, para ver a forma como trabalham na Academia e para conhecer o Liverpool por dentro», acrescenta Fábio Moura.

Pelo meio deu para fazer um jogo-treino com antigas glórias do clube e deu até para responder a perguntas sobre... José Mourinho. «Os treinadores das camadas jovens perguntaram-nos por ele, queriam saber o que está fazer e como está. Eles admiram muito a forma de trabalhar dele». No final, garantem, valeu a pena a aventura.

Fonte: Maisfutebol

quarta-feira, 9 de abril de 2008

É disto que o nosso futebol precisa

Ando para escrever este post desde sexta-feira quando depois de sofrer o empate no último minuto vi Manuel Cajuda, c/ sorriso de orelha a orelha no flash-interview.
Excelente atitude que o treinador do Guimarães teve e acabou a conversa com o jornalista com o já habitual “Esta noite vou dormir outra vez no 2ºlugar”.
No sábado, a minha equipa foi jogar contra uma boa equipa, bem trabalhada e num campo muito pequeno.
Campo pequeno não favorece a minha equipa, não fizemos um jogo do outro mundo mas fizemos um jogo tacticamente excelente.
O jogo estava bem disputado e existiram poucas oportunidades para cada lado.
No final perdemos 2-0, existiram dois lances fulcrais no jogo que foram mal ajuizados pelo árbitro.
Um penalty a nosso favor que não foi marcado e um fora-de-jogo que à outra equipa que não foi assinalado e deu o 1-0.
No final do jogo os adversários, equipa técnica e os próprios pais perceberam que o jogo foi ganho com uma ajuda externa. Admitiram-no e ainda nos deram os parabéns pela excelente equipa e pelo futebol positivo praticado.

quarta-feira, 2 de abril de 2008

Decisões

Qualquer decisão tomada pelo treinador influência a equipa!

Por isso as decisões tomadas pelo treinador são pensadas e assentes em regras criadas previamente e do conhecimento de todos os elementos do grupo. (jogadores, staff,pais,etc)

Sabendo que as decisões não fáceis de tomar e muitas das vezes são controversas, nada melhor que ser objectivo, coerente e transparente.

A decisão não pode ser diferente para uma situação similar com atletas diferentes consoante a importância dos mesmos no jogo da equipa ou no grupo criado.

As dúvidas abalam todos os treinadores antes de tomarem a decisão, muitos mesmo após terem tomada a decisão questionam-se se terá sido a melhor e as dúvidas permanecem.

Em caso de dúvida, eu sigo os meus princípios, tenho um documento com os princípios definidos e ordenados por importância que regem a minha vida e não abdico deles nem da sua ordem.

Nem sempre a decisão tomada é a mais apropriada ou têm os efeitos pretendidos contudo tenho a certeza que não coloquei em causa os princípios fundamentais da minha vida.

Depois de acabar o treino, o jogo, a época, todos os treinadores também têm uma vida.