quarta-feira, 2 de julho de 2008

O dedo na ferida

por Elsa Bicho no Jornal "A Bola"
Principais associações de futebol dizem-se descontentes com a actual metodologia Reclamam definições federativas quanto ao modelo de jogo de Portugal Querem travar estagnação e disponibilizam-se a maior interacção
Servir a Selecção principal é o objectivo dos escalões de formação, área que muitos dizem ter estagnado em Portugal. As associações querem ver definidas as necessidades e prioridades das quinas para saberem o que recrutar. Faltam linhas orientadoras para que o futebol jovem deixe de andar à deriva. Há, pois, que investir nos jovens talentos e potenciar as mais-valias dos jogadores em prol do enriquecimento das selecções. Se precisam de extremos há que trabalhá-los, se faltam guarda-redes, há que encontrá-los, se precisam de pontas-de-lança escolham-se os que reúnem características inerentes à posição. Mas para que isto seja realidade, para que a oferta seja potenciada, há que, primeiro, definir o modelo de jogo de Portugal para que as associações regionais saibam como devem trabalhar.
Ouvidos alguns dos agentes da formação, fica a ideia de que é preciso definir estratégias e sentarem-se mais vezes à mesa. Na opinião dos coordenadores das principais associações de futebol (Porto, Braga e Lisboa, de acordo com o ranking nacional, e Madeira, única com centro de formação próprio), fica a ideia de que é preciso maior sintonia.
Sérgio Ribeiro, coordenador da AF Porto há apenas um ano, esteve, recentemente, no seu primeiro torneio Lopes da Silva, em sub-14, prova promovida pela FPF, onde muitos são os olhos atentos aos jovens que sonham chegar ao topo.
«Não sei como tem sido nos anos anteriores mas, pelo que tenho ouvido, o nível de jogo não tem correspondido. Há pouca evolução. O que estou a tentar fazer na AF Porto é uma reaproximação aos clubes. Tentar junto dos seus coordenadores transmitir o modelo de jogo por nós escolhido, debater as minhas ideias de modo a que a formação seja uniforme,quer a nível técnico, quer a nível social», explica, defensor de que este deveria ser também o método de trabalho da FPF em relação às associações.
Definam-se políticasMais articulação com a FPF, maior reconhecimento do trabalho desenvolvido localmente. O desejo é de Fernando Louro, coordenador da AF Braga há quatro anos.
Apesar da excelente ligação entre os vários organismos, a verdade é que, diz, não existe o fio condutor que una a prospecção em nome de um futebol uniforme.
Já Rui Mâncio, coordenador das selecções da Madeira, é, nesta matéria, voz muito crítica.
«Primeiro: a FPF nunca encarou como factor de desenvolvimento a formação de treinadores. Não há manuais, cursos ou corpo de prelectores. Esta questão sempre foi o parente pobre. Segundo: não transmite às associações a concepção de jogo, um sistema definido. O professor Carlos Queirós, no seu tempo, foi a todas as associações pregar a sua filosofia de enquadramento de treino desportivo. Sabia-se o que era pretendido», elogia o madeirense.
«Veja-se o Lopes da Silva. Passados três anos ainda não se sabe o perfil morfológico e antropométrico dos jogadores passíveis de chegarem à alta competição. Há que definir o perfil e o sistema de jogo. Mas, se não houver doutrinação e debate, não será possível nova filosofia de trabalho», adverte.
Lisboa desalinha Ricardo Carmesim, coordenador técnico da AF Lisboa, considera-se um privilegiado. Benfica e Sporting fornecem jogadores de qualidade e o seu investimento na formação é inequívoco.
A oferta de jogadores, em todas as posições, é mais que muita e os clubes são habituais parceiros de todos os escalões.
«Os dois principais clubes continuam a desempenhar bem as funções de prospecção a nível nacional. Em Lisboa, temos a sorte de trabalhar com os melhores de cá e com os demais atletas do resto do País que ingressam nos grandes clubes. Somos privilegiados. A comunicação com a FPF acontece e temos liberdade de escolher o sistema em que queremos jogar», afirma Ricardo Carmesim.
In Sintrasport

As conclusões que retiro desta notícia são que precisamos de referências para mudar e que não podemos cair no erro de cruzar os braços só porque alguém faz o trabalho por nós.

Precisamos de uma lufada de ar fresco e de ideias novas, a maioria é unânime, é necessário o regresso de Queiroz para um projecto inacabado e estruturante.

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