sábado, 3 de maio de 2008

Remar contra a maré

A deslocação ao campo do 1ºclassificado.
Quem viu o jogo e não conhece a classificação da série, certamente iria dizer que nós íamos em 1ºlugar.
O adversário colocou 7 jogadores atrás da linha da bola a defender e apostava forte no contra-ataque.
Na frente da defesa, plantada no meio campo defensivo do adversário, estava um menino, com capacidade acima da média, que era o foco da transição defesa/ataque.
Boa organização defensiva e transição defesa/ataque muito rápida.
Não tenho estatísticas de posse de bola mais arrisco a dizer que se elas existissem tínhamos 65%.
A equipa adversária ganhou o jogo e com essa vitória confirmou, definitivamente, o 1ºlugar. Muitos parabéns, pelas vitórias!

Acabou o jogo e tenho dois miúdos meus no balneário a chorar.
Tentei perceber o que se passava com eles e a resposta de um deles foi: “Mister, os outros passaram o jogo tudo a chamar-me nomes (não os irei aqui reproduzir)”
O outro miúdo estava a chorar porque os pais do adversário viram-se para ele e disseram-lhe: “Ó preto vai para a tua terra”!

Após saber destes acontecimentos foi falar com os colegas treinadores do adversário, ninguém sabia de nada e iram ter uma conversa com os miúdos e com os pais.

Já no parque de estacionamento quando os colegas iam a sair perguntei, afinal quem é que teve o comportamento incorrecto?
A resposta foi, não sei, ninguém se acusa.
E os meus miúdos vão a chorar para casa? Ele respondeu-me eu vou falar com eles.

Sabem o que ele lhes foi dizer: pediu desculpa pelas bocas que os meus miúdos ouviram e disse-lhes que devem ser mentalmente fortes e não ligarem ao que os outros dizem porque o futebol é assim e eles têm de se habituar.

A questão é, se já todos percebemos que o futebol está mau porque não o havemos de mudar?

Como diz o Zé Barbosa, estou de consciência tranquila, eu faço a minha parte!

1 comentário:

Anónimo disse...

Caro Mister, além de repudiar as atitudes que relata no seu post por parte de quem seja, repúdio a falta de fair play de muitos treinadores e a linguagem menos própria utilizada quando se pretende chamar a atenção do atleta por parte dos referidos. Utilizam-se termos que embora o objectivo não seja ofender mãe, pai e restante familia não são os mais correctos nas chamadas de atenção, principalmente na formação. Este meu alerta visa essencialmente o futebol no Norte do País porque desconheço o que se passa no Sul. Todos os agentes do futebol, sejam eles jogadores, treinadores, dirigentes, pais ou o público em geral fazem parte da formação das crianças.
Não se pode admitir determinadas atitudes seja de quem fôr, apoiar os atletas e incentivá-los sejam da casa ou visitantes, plenamente de acordo, agora insultar como tenho visto por esses campos fora, atletas que acima de tudo são crianças como os filhos deles, crianças, que estão a ser formadas e que estão ali para se divertirem. Ganhemos juízo, também no futebol estamos a formar os homens de amanhã.
Quanto ao futebol que a equipa adversária praticou é de lamentar, penso que é o reflexo do futebol sénior, táticas excessivamente defensivas na formação?, bola para a frente e toda a gente a correr sem nexo apenas esperando o erro da criança pressionada? Se a formação se resume a isto então caras associações, os cursos ministrados aos futuros treinadores carecem de um programa diferente.
Abraço de solidariedade