A competição na formação

Actualmente, a competição é dos traços mais vincados da sociedade mundial desde a procura de emprego até uma simples fila de supermercado.
Competição é uma palavra que todos ouvimos desde muito cedo!
Quando uma criança chega a casa após um jogo de futebol surgem as perguntas: “- Ganhas-te? – Quantos golos marcas-te?”
Inconscientemente o familiar já está a apelar à competição, pois está a avaliar o jogo apenas pelo resultado.
Não será mais importante perguntar à criança: “- Divertiste-te? – Fizeste amigos?”
Todas as crianças que gostam de futebol, gostam de o jogar antes de gostar de ganhar. O mais importante para elas é divertirem-se.
Quanto maior a idade maior a exigência das competições, o que implica que o treinador faça a gestão do binómio formação/competição.
A competição, jogo com outra equipa, é um elemento fundamental da evolução da criança como jogador.
Todas as crianças têm capacidades diferentes, o treinador de formação deverá ser o primeiro a saber isso e explicar-lhes que isso é normal mas que o mais importante, é que todas elas podem ser usadas para um bem comum, a EQUIPA!
Os valores de união, entreajuda, solidariedade, justiça e igualdade são fundamentais para a formação do jogador e do indivíduo.
A abordagem do treinador de formação em relação às diferenças dos atletas dever ser sempre positiva, verdadeira e clara.
O treinador de formação é visto pelas suas crianças como um exemplo por isso as suas palavras não são colocadas em causa.
Se hoje dizemos que o lápis é branco, amanhã o mesmo lápis terá de ser branco se não o for, é necessário explicar de forma clara o porque de já não ser.
Quando uma equipa de formação entra numa competição, trás com a sua participação expectativas, ganhar a competição, ter X vitórias, ter a melhor defesa, o melhor ataque, etc.
Os objectivos devem ser realistas e criados em conjunto com os atletas, para que estes encarem o objectivo como algo deles e não algo imposto por alguém.
Todos os clubes têm regras que são para ser cumpridas, igualmente os grupos criam regras próprias que devem ser respeitadas pelos seus elementos quando tal não acontece a punição deverá ser a mesma para qualquer elemento.
Na altura da competição, jogo, seria importante todos os atletas terem as mesmas oportunidades contudo os objectivos propostos tem de ser cumpridos, o que implica que os jogadores mais capazes joguem mais; mas pergunto, os que tem menos capacidade, não deverão também ter oportunidades de mostrar serviço?
Qual o sentimento do atleta que tem menor capacidade?
Como pode ele evoluir se não tiver oportunidades?
A solução mais fácil para o treinador é não arriscar! Só jogam os melhores e quem não está satisfeito pode sair.
Será a atitude correcta? Ou deverá o treinador aglutinar esforços para a evolução do atleta, dando-lhe mais oportunidades?
E quando os melhores jogadores não estão disponíveis por qualquer motivo? Aqueles que tem menos capacidade se não tiveram oportunidades até então conseguirão dar uma resposta capaz?
Na minha opinião, o treinador de formação não deve esconder as dificuldades de nenhum atleta nem do grupo que lidera pelo contrário deverá chamar à atenção para as mesmas para que os atletas possam evoluir e para que o GRUPO possa ficar mais forte.
Defendo que todos devem ter oportunidades de mostrar o seu valor, atitude que demonstra a confiança do treinador em todos, que permite que todos tenham oportunidade de evoluir e que abrirá um maior leque de opções ao treinador.
Esta metodologia:
- É fácil de impor? – Não!
- Tem sucesso imediato? – Não!
- Dá oportunidades a todas as crianças? – Sim!
- Resultados? – A médio prazo

O Futebol é como na escola, não se aprende no 6ºano a matéria que vai sair nos exames nacionais do 12ºano mas sem a matéria aprendida no 6ºano não conseguimos chegar ao 12º.
Como diria um dos meus meninos: O ÚNICO LUGAR ONDE SUCESSO VEM PRIMEIRO QUE TRABALHO É NO DICIONÁRIO!